Gustavo Rezende de Souza
Técnico de segurança do trabalho
Ganhador do prêmio de destaque do ano de 2009 do curso técnico de segurança do trabalho oferecido pelo Senac - São Paulo.
Em 2008 foram registrados 747,663 mil acidentes de trabalho no Brasil que causaram 2.757 mortes, acredita-se que esse número é ainda maior, visto que a subnotificação ainda é uma prática muito difundida no país, esse cenário nos mostra que é necessário um controle eficiente das perdas e gastos financeiros no período pós acidente de trabalho, um estudo realizado pela Marsh Risk em 2004, envolvendo 123 empresas e 93 mil funcionários, determinou que o custo médio direto de um acidente é de R$ 8, 472,00 (englobando-se nesse valor a compensação salarial e custos médicos). E o empregador é responsável por uma parte considerável desses gastos que envolvem o pagamento do salário durante os 15 primeiros dias e cuidados médicos adicionais, existem ainda os gastos indiretos que demandam um valor maior do que o próprio gasto direito em decorrência do acidente de trabalho, que é o gasto com a substituição do empregado, a perda da eficiência de produção, horas extras e outros custos administrativos.
Com a alteração da metodologia de cálculo do SAT/RAT esses gastos tendem a aumentar já que as empresas serão avaliadas individualmente e não pelo seu de CNAE classificando com mais precisão a aplicação do bonus/malus e no Brasil, por ser o governo federal o detentor do monopólio sobre o SAT/RAT (em alguns países esse controle é do sistema privado, que inclusive já foi proposto algumas vezes ao Brasil), parte do ônus recai sobre as contas públicas. Pelas contas do MPS o total gasto com benefícios acidentários e aposentadorias especiais alcançou em 2007, R$ 8 bilhões. O controle de perdas é um tema antigo que foi abordado primeiramente por Frank Bird Jr. em 1915 ele conduziu uma pesquisa na empresa Lukens Stul que chegou à conclusão que os índices de lesões incapacitantes estavam em 90 por milhão de HHT (horas homens trabalhadas), isso mostra a importância de uma avaliação criteriosa dos acidentes de trabalho dentro de uma organização, esses dados são fontes primordiais para provocar uma reflexão na alta administração da empresa visando à obtenção de uma estrutura para implantar um programa de gestão que controle os riscos/perigos do ambiente de trabalho, esse foco por outro lado não pode se desvincular do principal beneficiado que é o trabalhador, resguardar a sua vida e saúde é o principal objetivo do SESMT.
O modelo mais utilizado para o controle de custo dos acidentes de trabalho é o cálculo do custo efetivo, que foi apresentado pelo Eng° Francisco de Cicco que propõe à seguinte fórmula:
C = C1 + C2 + C3 - I
Onde:
C = Custo efetivo dos acidentes de trabalho
C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento (os gastos que envolvem os 15 primeiros dias de afastamento)
C2 = Custo referente aos reparos e reposição de máquinas, equipamentos e materiais (danos à propriedade).
C3 = Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e primeiros socorros) e danos operacionais (paralisações, manutenção e lucros cessantes).
I = Indenização e ressarcimento recebidos por mês de seguro ou de terceiros (valor líquido)
Um sistema de controle de perdas é necessário para uma empresa que esteja adotando uma visão sistêmica no que refere-se a segurança do trabalhador, as avaliações são árduas e detalhistas, mas desta forma podemos trabalhar com dados reais que não girem apenas em torno da especulação.